A Secretaria de Estado de Sade (SES-MT) alerta a populao sobre a importncia da vacina oral (VOP) e injetvel Poliomielite (VIP) contra a paralisia infantil. Os imunizantes so disponibilizados gratuitamente nas Unidades Bsicas de Sade para vacinao de crianas com idade entre 2 meses e 5 anos e 11 meses de vida.
A poliomielite uma doena infectocontagiosa aguda causada pelo poliovrus, que no circula no Brasil h 34 anos, mas corre o risco de ser reintroduzido no pas em razo da baixa cobertura vacinal. O vrus causa desde sintomas comuns de resfriado a problemas graves no sistema nervoso, como a paralisia irreversvel.
“No h registro de casos de Poliomielite no Brasil desde 1989, fato que fez o Brasil receber, em 1994, o certificado de erradicao do poliovrus da Organizao Pan-Americana de Sade. Precisamos manter as boas coberturas vacinais e frear a ameaa da reintroduo do vrus no pas. Isso s depende de ns”, alertou o secretrio de Estado de Sade, Gilberto Figueiredo.
Conforme a superintendente de Vigilncia em Sade da SES, Alessandra Moraes, sem a imunizao adequada na infncia, a pessoa – seja ainda criana ou j adulta – est suscetvel a desenvolver um quadro grave da doena.
A gestora aproveita o Dia Mundial de Combate Poliomielite, que ser celebrado na tera-feira (24.10), para alertar a populao sobre a necessidade de atualizar o carto de vacina das crianas.
"A vacina a nica forma eficaz para prevenir o poliovrus, pois essa uma infeco evitvel. Algumas pessoas relaxaram com a imunizao, situao que ameaa a sade dos filhos, netos, sobrinhos e outros entes e amigos da famlia. necessrio estar atento e levar as crianas para se vacinar. No podemos nos esquecer das epidemias que o Brasil e o mundo viveram no ado e afetou milhares de pessoas", lembra Alessandra.
A dona de casa Joslia Maria Tibaude, 59 anos, uma das vtimas da doena. Ela foi infectada pelo poliovrus com um ano de vida, em 1965, quando as cidades circunvizinhas do municpio onde ela morava, Tesouro, sofriam um surto de poliomielite.
Joslia comeou a andar com nove meses de vida, mas seus os foram interrompidos pela primeira vez ao completar um ano. “Tive febre e minha me tentou me colocar de p e eu no conseguia. Com isso, minha me fez remdios caseiros, mas no teve um resultado, ento ela me levou em um hospital fora da cidade, onde fui diagnosticada com poliomielite”, lembra.
Joslia no teve o vacina na infncia porque o imunizante ainda no estava sendo amplamente utilizado no Brasil. A primeira vacina contra a plio chegou ao pas em 1955 e era aplicada ainda de forma inexpressiva, somente nos grandes centros, como Rio de Janeiro e So Paulo.
“Fiquei com sequelas momentneas do lado direito, no brao e olho do lado esquerdo. Tive encurtamento da perna tambm. Meu olho voltou ao normal, meu brao melhorou um pouco, mas ainda no tenho tanta fora nele e eu voltei a andar”, conta a dona de casa.
J casada, com filhos e netos, Joslia ainda vive o fantasma do vrus, pois com o ar dos anos ela desenvolveu a sndrome ps poliomielite, que em 2017 a colocou em uma cadeira de rodas.
“Eu no tive a oportunidade de me vacinar, mas as crianas de hoje tm essa chance. Ento eu suplico para que os pais e mes vacinem seus filhos. No deixe que este vrus paralise o sonho das crianas. O vrus retardou os meus sonhos, eu fui para escola s com 10 anos de idade. Foi difcil e ainda , porque a sndrome est afetando todos os meus membros, organismo e o equilbrio”, relata Joslia.
Alm da cadeira de rodas, Joslia conta com outras rteses e prteses para meio de locomoo, como muleta, botas com saltos e solas especiais. “No levar uma criana nos dias de hoje para se vacinar irresponsabilidade e negligencia, porque a vacina salva-vidas. Ela faz com que o ser humano conquiste seus sonhos porque ele ter mais qualidade de vida e segurana. Eu aprendi isso e compartilho isso com a minha gerao”, afirma a dona de casa.
Erasmo Salomo/Ministrio da Sade
Cobertura vacinal
Conforme levantamento realizado pela SES, entre 2019 e 2022 a cobertura vacinal contra poliomielite ficou abaixo do estimado em Mato Grosso, variando entre 85% e 84%; a meta preconizada pelo Ministrio da Sade 95%. Para alcanar o percentual recomendado, Alessandra lembra que necessrio o empenho dos municpios na busca ativa da populao.
"As Secretarias Municipais de Sade so as responsveis pela definio de uma estratgia de vacinao que alcance o pblico alvo definido pelo Ministrio da Sade, portanto, imprescindvel o empenho dos municpios na busca ativa da populao", ressalta Alessandra.
Com o objetivo de incentivar as gestes municipais a atingirem as metas de imunizao estabelecidas pelo Ministrio da Sade, o Governo de Mato Grosso investe o total de R$ 65 milhes no programa Imuniza Mais MT, que tem o objetivo de estruturar a Ateno Bsica e premiar aos municpios que alcanarem entre 90% a 100% de cobertura vacinal contra a Covid-19, influenza e outras doenas. O programa tambm disponibiliza uma Unidade Mvel de Vacinao para auxiliar as cidades na vacinao da populao.
Conforme o Calendrio Nacional de Vacinao do Programa do Nacional de Imunizaes (PNI) do Ministrio da Sade, o esquema vacinal preconizado contra a poliomielite composto por trs doses de VIP, istradas de forma injetvel aos 2, 4 e 6 meses de idade, mais dois reforos com VOP, aplicadas via oral aos 15 meses e aos 4 anos de idade.
O vrus
A poliomielite, tambm chamada de plio ou paralisia infantil, uma doena contagiosa aguda causada por um vrus que vive no intestino, chamado poliovrus, que pode infectar crianas e adultos por meio do contato direto com fezes ou com secrees eliminadas pela boca das pessoas infectadas e provocar ou no paralisia. Nos casos graves, em que acontecem as paralisias musculares, os membros inferiores so os mais atingidos.
Os sintomas mais frequentes so febre, mal-estar, dor de cabea, dor de garganta e dores no corpo, vmitos, diarreia, constipao (priso de ventre), espasmos, rigidez na nuca e at mesmo meningite.
As sequelas da poliomielite esto relacionadas com a infeco da medula e do crebro pelo poliovrus; normalmente so sequelas motoras e que no tm cura. As principais delas so problemas e dores nas articulaes; p torto, conhecido como p equino, em que a pessoa no consegue andar porque o calcanhar no encosta no cho; crescimento diferente das pernas, causando escoliose; osteoporose; paralisia de uma das pernas; paralisia dos msculos da fala e da deglutio, o que provoca acmulo de secrees na boca e na garganta; dificuldades na fala; atrofia muscular e hipersensibilidade ao toque.